Nem só tristeza, lamento e saudade fazem alusão a um cemitério. Paz e beleza também o fazem. Retratando a arte tumular no Brasil do século XIX o Cemitério do Campo Santo ganha status de museu a céu aberto se tornando ponto histórico de visitação como ocorre em cemitérios de Roma e Paris.
Túmulos de arquitetura imponente em estilos gótico, clássico e barroco atraem diversos curiosos e estudantes de cursos de arquitetura, antropologia, história, sociologia e até psicologia.
Fundado em 1840, o Campo Santo vem desmistificar o cemitério como sendo o fim de tudo. Algumas estátuas em mausoléus ou sobre jazigos levam a assinatura de artistas contemporâneos como Mário Cravo Júnior e Lina Bubardi, e do escultor alemão Johann von Halbig, autor da Estátua da Fé, adquirida pelo Marechal de Campo Alexandre Gomes Ferrão d’Argolo, o Barão de Cajahyba, em Munique, no ano de 1865 e tombada em 1966 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) dentre outros.
O fato é de que a humanidade possui uma enorme preocupação com a morte, sendo esta, ainda, talvez o maior dos mistérios de todos os povos. Tanto assim que as religiões, diversas entre si, trabalham de forma excessiva com a idéia da mortalidade humana, cada uma procurando explicar, em seu contexto diversificado e como melhor lhe convém, esse momento inevitável que dá às pessoas uma grande sensação de impotência diante da realidade.
Não podendo evitar a mortalidade de seus corpos através da riqueza, o que restou à humanidade foi utilizá-la para engrandecer os funerais, considerando que, assim, estaria honrando a Deus e garantindo a sua “vida eterna” e de seus entes queridos.
Alessandra Pellegrino
Virna Braga
2005.2