Ensaio fotográfico expondo o que se volta sobre si mesmo em imagens que compartilham sua essência sob a luz: alma da fotografia. Auxílio luxuoso da vaidade, o reflexo está presente em quase toda parte, e divide com Narcisos e curiosos sua forma especular seja em objetos que compõem a vida urbana e presentes na natureza o que em muitos casos propicia deleite ou até mesmo desprazer.
Traduzir esse fenômeno em fotografias é atentar para algo que, muitas vezes, passa desapercebido aos olhares das multidões ou a algo visto como mero objeto de observação seja na correção do passo da dança ou em momentos da vida cotidiana dentre o emaranhado de prédios envidraçados, poças deixadas pela chuva, nos vidros e espelhos retrovisores dos automóveis, em espelhos convexos de segurança, nos óculos escuros da cidade ensolarada que cobrem a pequena imagem do reflexo nos olhos e dão amplitude ao objeto visto, e basta um olhar mais atento para notar a transformação do banal em belo sob uma ótica interessante.
Agora é só prestar atenção em como a vida se volta para si em manifestações diretas e indiretas dos reflexos.
Renata Freitas
Wendell Wagner
2006.1