A bailarina, no imaginário popular, é como uma bonequinha. Delicada, graciosa, consegue ficar tempos e tempos numa posição corporal impossível de ser executada por um “ser humano comum”. Não há mãe que não tenha sonhado por um momento em ter uma bonequinha dessas pra si. Mas, dá-se corda e a “boneca” desenha o tempo com seu corpo, desenha música. E para quê algo mais humano do que movimento e expressão?

Foi tal encanto que nos propomos a explorar na bailarina, mas ele se mostrou justamente na simplicidade e normalidade desse ser que existe além da bonequinha, além do mito e por dentro das sapatilhas. O resultado: nossos olhares não conheceram necessariamente a perfeição , mas o suor para alcançá-la; a descontração em uns instantes; a determinação e as lágrimas em outros; a dor-de-cabeça para manter o penteado; os calos e joanetes para ficar na ponta dos pés. Paradoxo daquele ser perfeito que dança ao som de uma peça de Stravinsky?

Quem se importa? Tudo não passa de uma brincadeira (quase séria) que tenta mostrar o cotidiano dessas bonequinhas de carne e osso… “A bailarina” (lê-se pessoa) existente por trás desse universo de “tutus” e “fru-frus”… Aquela que tem desejos, tem limites, tem sede, tem fome e (procurando bem) tem dor de barriga também.

Isabela Maranhão

Isabela Maranhão

Marta Cabral

Marta Cabral

2007.2