Há um vilarejo ali. E sua história é contada em rimas e versos. Não há espaço para a tristeza, a guerra ou a dor, e em cada sorriso de criança reside a primavera. O vento que sopra no fim da tarde traz uma atmosfera de tranqüilidade que há muito existe lá e não cansa de estar. Velhos dormem na praça e crianças rodam numa ciranda sem fim. O debruçar na janela é quase surreal e nos leva a crer que o tempo anda mais devagar por lá: o movimento das pessoas parece mais lento e a paisagem, estática.
O sentimento que impera talvez seja a paz de espírito. Ou uma súbita sensação de nostalgia, que nos arrebata ao estarmos tão perto daquilo que parecia um passado distante. É como se estivéssemos diante de um retrato antigo daquilo que nossos avós descrevem como o tempo de sua infância: portas e janelas escancaradas, a imagem da vida simples e do cotidiano de um lar, valores familiares que parecem perdidos com as recordações.
É a materialização daquele velho clichê da felicidade nas pequenas coisas da vida. Mesmo o velho cego que caminha solenemente na praça parece enxergar muito mais do que nós. E a alegria que transparece nos seus pequenos atos pode parecer impensável para aqueles que não percebem a existência de um mundo além daquele que os olhos podem ver. E o sonho contrasta com o mundo real. Vem andar e voa.
Gabriela Teixeira
Lis Nogueira
2007.1