Ainda que exista para defuntos, o cemitério é construído pelos vivos. Mesmo sendo a morte das coisas mais enigmáticas para a vida, e mesmo sendo este o local que condensa toda a carga fúnebre dessa idéia, a vida se faz imperativa no quotidiano deste banco de corpos e lembranças.
Cemitério Vivo capta onde a vida ‘rompe’ com a atmosfera da melancolia, para encontrar neste cenário macabro a tranqüilidade e o silêncio na introspecção; a diferença, a identidade e auto afirmações pueris, nos jovens; nos românticos, a poesia ou a divindade; o fetiche nos mais ousados; e a naturalidade quando o quotidiano emerge dos dias demonstrando que o cemitério é só mais um entre os ambientes dos homens – vivos.
Apesar do estigma do local, símbolo de morte e despedida, percebemos pessoas correndo para a vida, fugindo do óbvio, procurando o silêncio e encontrando a felicidade. Nas simples manifestações dos sentimentos cotidianos é possível desvendar no cemitério um mundo vivo no silêncio dos túmulos.
Elen Filgueira
Mirnah Leite
2008.1