Domingo é dia de descanso, festa e alegria… Ainda mais no parque. Por isso que José, um feirante conhecido como “rei da brincadeira”, sempre guarda sua barraca aos finais de semana e segue para o parque na Boca do Rio. Lá ele exercita seu reinado, se diverte e, o melhor: encontra Juliana… Ah, Juliana! Um sonho transformado em mulher.

Domingo também é dia de jogar capoeira, pelo menos para o amigo de José, João, que é lembrado pelos companheiros de roda como “o rei da confusão”. Mas capoeira não é confusão, não, minha gente! Capoeira é luta, sim; mas também é jogo, dança, brincadeira. Brincadeira essa que João não dispensa, ainda mais no domingo… Mas não é só de capoeira que se faz um domingo, não é? Há ainda outras formas do rei da confusão se divertir, como namorar. Melhor ainda se for mulher do outros!

Num certo domingo, João resolveu não brigar: saiu apressado, não pra Ribeira, mas pra namorar. José, como faz todo domingo, foi passear no parque da Boca do Rio. Foi lá que ele avistou Juliana, ah!, Juliana…! Mas estava sozinha? Estava na roda gigante com João! Carregava uma rosa, um sorvete, um sorriso… José custava a acreditar. Seu sonho, uma ilusão… Juliana e o amigo João…! O espinho da rosa feriu Zé, e o sorvete gelou seu coração. A rosa (era vermelha), o sorvete (era morango), Juliana, João, tudo girava na roda gigante, girava na cabeça de Zé.

Eis que o rei da brincadeira, em vez de alegre como habitual, se mostra cheio de ciúmes, raiva, rancor. Sente-se traído pelo amigo, por Juliana, pelo amor, pela vida, e, movido por estes sentimentos, pega uma faca, corre até a roda, onde está Juliana, e num só golpe a faz cair ao chão, o corpo sujo de sangue, já sem vida; de repente, outro corpo caído: o amigo João.

Não tem mais brincadeira, não tem mais confusão.

Amanda Barbosa

Giacomo Degani

2008.2