Acordar pela manhã, ou antes dela, e sair para continuar a manter, pelo menos com condições mínimas, o corpo e a alma juntos. Ou não acordar. Não há outras opções além dessas. A necessidade de manter um nível suportável de dignidade e uma vontade imensa de permanecer vivos os faz desafiar o sol da manhã e encarar a cidade, por sua própria conta e risco.

A idéia desse ensaio fotográfico é mostrar o dia de pessoas que lutam pela existência de forma informal. Com prazer ou por obrigação, em sol ou chuva, elas estão na rua, sem carteira assinada, sem aposentadoria, às vezes sem sindicato, mas sempre corajosas.

Durante nosso trabalho, procuramos captar momentos de pessoas que trabalham na rua, da forma mais realista possível. Existe uma poesia brutal na dureza da vida, perfeitamente manifestada naqueles que, mesmo desconfiados ao ver a câmera apontada para si, permitiam ser fotografados.

Luís Piton

Ramon da Matta

2008.1