O corpo é, antes de ser passível a qualquer outra classificação, o elemento primordial de concretização da existência. Esse elemento é dotado de características que ocupam seus campos interno e externo; a intenção, o sentimento, o significado, e o superficial, o visual, o estético.
A cor pertence ao segundo grupo, representa o primeiro contato gráfico, é a apresentação do temperamento, do tom essencial do conjunto figurativo. O contraste, que sintetiza a exposição, a comparação e a diferenciação das propriedades de um ou mais elementos, tem o poder de gerar arranjos de complementação e de coexistência entre os opostos. As qualidades da imagem devem se encaixar, num casamento de linhas e curvas, luz e sombra, compondo uma imagem distinguível e definida.
Apesar do natural embate entre alvura e escuridão, o contraste pouco denota se não for atiçado por signos e símbolos que rompam com a normalização e até mesmo com o recato. O foco deste ensaio está sobre a nudez dicromática e todos os seus contornos: volume, textura corporal e desenho. Neste trabalho, foram captados choques entre o convencional e o alegórico; o pudico e o explícito; o silêncio e o estrondo; o óbvio e o enigmático; o preto nu branco.
Marina Alfaya
Rafael Martins
2008.2