Neste ensaio o ser humano fica de lado e entram em cena suas partes: dentes, olhos, pele, ouvidos, dedos, unhas. De cócegas que afligem mais que uma facada e, apesar de tudo, produzem riso, à descuidada dentada no sorvete gelado. Tudo se dá nos nossos nervos sensitivos e está “à flor da pele”.

Cada segmento do nosso corpo pode estabelecer uma relação única, especial, subjetiva, mas não impossível de se comunicar. Eis a prova: as fotos “falam”. Descrevem o que seria muito difícil ou mesmo impossível de verbalizar e adjetivar. Somos um invólucro de pele e nervos que percebe o mundo das mais variadas maneiras, sempre com alguma tensão.

Algo que é tencionado põe-se imediatamente a espera de seu fim, de um alívio, de uma resolução. Assim será com você, espectador. Não desejamos olhares contemplativos, depurações ou críticas minuciosas. Basta a repulsa, a aflição. Basta querer ir embora. Não é um ensaio pra ser adorado e sim para ser desconfortável.

Julien Karl

Victor Gazineu

2008.2