Grades, lanças, cercas, muros. Estes são os símbolos da insegurança e os reveladores do medo. São os demonstrativos reais de uma sociedade que teme não o estrangeiro, não o desconhecido, mas sim, a si mesma. Os vínculos afetivos não mais preponderam. O que predomina é a sensação de ameaça, o pavor e a falta de tranquilidade.
O dicionário diz que o medo é o temor, receio ou ansiedade racional ou fundamentada. A vida diz mais que isso. Ela fala do temor ao outro, do receio à sua própria subsistência e da ansiedade pela proteção. Vida esta que através da ação do homem, fala que na lei da sobrevivência o desejo pela aproximação é um sentimento secundário em nome da garantia pela sua própria existência.
O que é externado na figura de cadeados é a pura representação do que permeia os aspectos sensíveis mais profundos de cada indivíduo. As pessoas são o que criam, o que fazem, o que constroem. As trancas não revelam apenas o desejo pela proteção, mas sim o distanciamento ínfimo dos sentimentos que fazem do homem um ser gerado pelo relacionamento e para o relacionamento.