Bermuda comum, português coloquial, aparelho de som e até televisão; habilidade para fazer fogueira, tocar flautas e apitos, pintar o corpo. Hábitos distintos, senão opostos, característicos de povos diferentes, mas que fazem parte da realidade dos Kariri-Xocó.

Lymbo, um dos líderes, é o perfeito exemplo da integração entre o “ser urbano” e o “ser índio”. Enxergar em uma tempestade não a destruição, mas sim a renovação da mata. Enxergar a música mais do que como entretenimento, mas também como uma parte de si.

Para o índio Kariri-Xocó, estar pintado é estar vestido e tirar a camisa é sinal de respeito pela própria cultura. E por estar assim, seu acesso a muitos ambientes é dificultado; percebe-se, então, que a interação indígena/urbana ainda não é espontânea, sobretudo por resistência da lógica “civilizada” que apenas aceita a imagem de um índio folclórico, que não dialoga com a nossa própria realidade.

As diferenças culturais não precisam criar pontos de conflito, ao contrário, podem promover crescimento mútuo, já que o aprendizado é uma via de mão dupla, como diz o outro líder da tribo, Wakay: “educar e ser educados, entender os outros e fazer com que sejam entendidos, sem deixar de ser índio.”

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Daniele Rodrigues

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Luana Oliveira