O horário do almoço do operário da construção civil é o horário da fila para bater o ponto, da fila para pegar o almoço, do almoço. O tempo do almoço é, principalmente, o tempo do descanso, do cochilo.
Meio-dia, as mãos dos operários misturam-se. Misturam-se entre os cartões e o relógio, misturam-se à farinha, aos garfos, à comida. Os sujeitos-homens, sentados nos bancos de madeira, comem no “refeitório” de parede-madeirite, teto-pvc, de calor insuportável.
Mais-de-meio-dia, os operários são como o cimento e o tijolo da construção. O vermelho e o azul de seu macacão, o amarelo de seu capacete, a negritude de sua pele. No repouso dos trabalhadores, tudo contrasta com a frieza do cinza-concreto. É o reflexo do conflito na relação homem-cimento, trabalho-capital.
A obra não é de arte, é de cimento, é de suor.