O menino guia a pipa, ou a pipa guia o menino? Um tenta conduzir o outro, mas na verdade seus movimentos se complementam. A pipa se torna uma extensão dos corpos no ar. Céu e terra ficam então conectados por um tênue fio que liga pequenas mãos à imensidão e desliga os meninos do resto do mundo. É nesse momento que o céu vira espaço para uma festa na qual as pipas dançam sob a regência do vento e os meninos são o seu par.

Como acontece em todas as relações, a dos meninos com as pipas é marcada por momentos de tensão, alegria, diversão e principalmente de perdas. A pipa que perde uma batalha ganha vida na mão de outro menino. É por esse motivo que uma batalha de pipas não é um confronto como outros, ela permite que todos participem continuamente. Enquanto uns rasgam o céu com manobras, outros esperam por um momento de desatenção para ir em busca do novo troféu, no ar ou no chão.

Com os pés no chão e olhos no céu, os meninos seguem os passos de uma dança que transcende dimensões espaciais. O vento pode até dar o compasso, mas o espetáculo aéreo depende da sintonia entre as pipas e os meninos, elos entre o céu e a terra.

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Henrique Duarte

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Natália Reis