Casos de espionagem, câmeras de segurança, quebra de sigilo bancário… nunca a privacidade fora tão explorada e polemizada como nas últimas décadas. O tormento de estar sendo vigiado, em qualquer lugar e a qualquer momento, inspirou vários filmes e obras literárias, entretanto, poucas se destacaram com tanto primor e originalidade como a profética obra de George Orwell 1984.
Tomados por este universo Orwelliano, representamos a vida de Winston Smith, seja através da disfarçada democracia defendida pelo IngSoc (Socialismo Inglês), que tinha como lema: “Guerra é paz, Liberdade é escravidão e Ignorância é força” ou através do próprio personagem que tem por função reescrever e alterar dados de acordo a vontade do partido, sendo vigiado a todo instante.
Inspirado nos regimes totalitários dos anos 30 e 40, esta exposição propõe retratar alguns dos momentos vividos por Winston, que no decorrer da história passa da indiferença para a revolta, levado por uma paixão proibida (num ambiente em que o prazer sexual era condenado pela Liga Anti-Sexo) e de como acaba por descobrir que toda revolta é fomentada pelo próprio Partido.
De fato, tudo não passa de uma metáfora sobre o poder e as sociedades modernas. Percebe-se que a intenção de Orwell era descrever um futuro baseado nos absurdos do seu presente. A simples dedução “Liberdade é poder escrever que 2 + 2 = 4” confirma isto. Nesta direção, tentamos reproduzir o que há por trás do olhar enigmático que o próprio George originalmente nomeou de “Big Brother”.