A partir de uma rocha lapidada ou um bronze aquecido, as estátuas surgem no intuito representativo de tudo que está ao nosso redor – desde simples bichos até figuras emblemáticas que em vida prestaram grandes serviços à sociedade.
Fixados em diversos pontos da cidade e congelados no tempo, os monumentos possuem expressões, que por si só, carregam um poder de comunicação peculiar, atemporal e que “indiretamente” dialoga com a ação de aves nefastas.
Os pombos, ao ponto que podem representar paz em sua alvura são conhecidos, também, como ratos aéreos, por seu comportamento nada higiênico. Estas aves planam indiferente e dominante no céu urbano. Sua interação com as estátuas desenrola cenas intrigantes, digno de um filme de humor negro.
Animais sujos, cheios de pragas, capazes de atrocidades por causa de migalhas espalhadas pelo chão tomam posse das estátuas e fazem delas domicílios coletivos. Esse convívio expõe uma ideia paradoxal, pois notam-se duas forças diferentes de mãos dadas – ternura e desprezo, construção e destruição, glamour e degradação.
De um modo geral, os pombos compõem um cenário caótico perceptível a olho nu. Estão aí, ali, acolá, em toda a parte liberando seus dejetos, alimentando-se do descaso urbano – aqui enfatizado nas estátuas.
João Airon
Luca Scartezini