A Feira da Sete Portas é um exemplo de que a africanidade baiana pairou além da história. O ambiente é permeado por um acervo de artigos religiosos que impressiona aqueles que não têm o vínculo com a tradição do candomblé, mas que mesmo assim sente-se tocado com a forma fidedigna como é passada os relatos, citações e sugestões.
A feira revela de forma inexplicável, através da sua composição, esses aspectos místicos que sempre funcionaram em paralelo ao oficial. É um espaço que causa impacto no contexto urbano atual, pois não é concebido apenas como um local de comércio, apesar de que por principio o é.
A dualidade presente na cultura baiana é expressa através dos objetos, utensílios, alimentos que assumem duplo sentido, o real e o sugestionado, acabam sendo mais um argumento de venda. A própria distribuição dos espaços obriga a pessoa a desvendar a feira. Na sua fachada encontra-se o comércio normal e no seu interior os artigos considerados acervos da religiosidade. O “milagre” da feira não está na comercialização dos seus produtos, e sim na crença ou descrença que ela desperta.