Quem são eles? Pescadores. Trabalhadores do mar, trabalhadores do sol, trabalhadores do vento, trabalhadores da maresia. Marcas do mar, marcas do sol, marcas do vento, marcas da maresia. Mãos e peles registrando o tempo de mar, de barco, de pesca. Cabelos grisalhos não impedem a labuta diária.
Pessoas comuns e especiais, destemidos do mar, receosos da vida que deixam cicatrizes nos corpos envelhecidos e gastos. Dia a dia nas colônias, esperando tempo bom, cigarro nos dedos, bebida constante para espantar o frio e o tédio da espera. Jogatina corre solta, vale dominó, vale baralho, vale dinheiro, vale cerveja, vale cachaça; conversa fiada atravessa as horas de espera, estórias de pescador, estórias de bravura enfrentando tempestades e ondas. Casos de amigos em perigo, casos de amigos salvos, casos de resgate, casos de perdas de pessoas engolidas pelas águas, que dizem eles, é de Yemanjá, de Odoyá, que leva pra longe e não devolve mais.
Cindi Rios
Niúra Marinho