Dedos, sopros, palhetas, bocais, cordas. Um multinstrumentista conhece e sabe usá-los muito bem. Domina as técnicas de execução e expressa-se a partir delas. As melodias e harmonias fluem facilmente, não importa se é um trompete ou um charango, uma gaita ou um violão, um cavaquinho ou uma guitarra.
Tocar todos esses instrumentos é o talento de Ian Cardoso. Aos doze anos ele começou a tocar violão e aos catorze iniciou-se na guitarra, os únicos que aprendeu com professores e aulas de música tradicionais. Trompete, charango, gaita e cavaquinho aprendeu no ouvido, como autodidata, usando e experimentando sons.
Ele confessa que até hoje não percebeu sua facilidade em aprender e/ou desvendar os instrumentos. Facilidade e habilidade que o tornam um multinstrumentista. Para Ian o que realmente importa é perceber o som, saber ouvir e tentar colocar em prática as ideias que surgem a partir dessa percepção. Buscar influências diversas, com sonoridades diversas, ousar. É isso que faz sua evolução.
Buscar entender cada nota de cada corda em cada traste, experimentar cada nota de cada corda em cada traste. Perceber os timbres e encaixá-los na música certa, no compasso certo, no ritmo certo com a melodia e a harmonia certa. Tudo isso é um trabalho de ouvir, de perceber e de estar em contato tátil com instrumento. Esse é o trabalho do multinstrumentista, esse é o processo de autodidatismo de Ian Cardoso.
Alexandre Garrido
Marcelo Argôlo