Meio do caminho, no caos da civilização e os sorrisos são colados. O cinza do retrato grudado na parede avisa aos passageiros que o hábitat não se limita a conjugações dos verbos entristecer, enraivecer, desaparecer. É no bom dia ao motorista, no aceno ao desconhecido ou no olhar da criança esquecida pela rua que o sorriso se esconde. Felizmente todos nascemos homens e capazes de sorrir.

O preto e branco do sorriso colocado na parede contrasta com a seriedade do rosto. A verdade é que o homem esqueceu de sorrir, esqueceu de viver. Perdido no meio da rotina, envolvido pelo stress, gesticular os músculos da face nunca foi tão difícil. A monotonia vai deixando tudo cansado, desencorajando o rosto a ser feliz. A parede emoldurada de sorrisos é o cenário avisando que independente de estilo, classe, etnia, todos são vítimas da mesmice do dia-a-dia.

As expressões contrárias ao sorriso não escolhem época, todas as coisas tornam-se substituíveis quando o assunto é sorrir. Tudo acontecendo ao mesmo tempo sem espaço para descontração, sem piedade, sem olhar idade. Seriedades a parte, o comum mesmo é ser homem-rotina, homem-relógio, homem escravo do tempo.

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Ana Luíza Fernandes

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Darlan Caires