O ensaio desafia estereótipos. Tenta cruzar a fronteira entre drogas lícitas e ilícitas. Umas são usadas em paralelo a rotina cotidiana, outras impossibilitam as atividades diárias. Tentamos achar o princípio da criação preconcebida que habita o inconsciente coletivo e se diz capaz de apontar o usuário de entorpecentes. E desmistificar essa ideia. Chegar ao ponto de não mais ser possível de identificar o usuário de drogas lícitas ou ilícitas.
Fotografamos os rostos de pessoas que utilizam algum tipo de droga, com frequência ou não, logo após o uso da substância. Em todas as fotos um fundo preto e os ombros desnudos para obter o máximo de neutralidade, o mínimo de juízo de valor e uma maior aproximação do indivíduo.
Foram escolhidas seis substâncias e, para seguir o intuito do projeto, elas não são identificadas junto à imagem de cada pessoa. As drogas lícitas são o álcool, a cafeína e o cigarro. As ilícitas são o ácido lisérgico (LSD), a cocaína e a maconha.
Então, apesar de algumas dessas substâncias alterarem a percepção, o comportamento ou as funções biológicas, a grande pergunta ao final da contemplação do ensaio é se você seria capaz de identificar o usuário de uma substância a partir apenas de um olhar e assim julgar seu uso e alterações no corpo que poderão causar outras consequências. A cada olhar, o desenrolar da pergunta: Ele tem cara de que?

Carolina Amorim e Leandro Mimoso